Neurose

Helena Balbachevsky Guilhon

8/15/20233 min read

Temos a neurose como a adaptação mais comum por nós humanos. Ela seria o resultado de uma má negociação entre nosso desejo de permanecer apenas buscando aquilo que é prazeroso, e nossa obrigação de nos rendermos a realidade da vida. A maioria de nós é neurótico, mas o quanto essa neurose vai nos causar sofrimento depende do quanto mal negociado está o conflito entre nosso desejo de ser perfeito e nosso desejo de ter apenas prazer.

Dentro deste conflito ficamos divididos por três níveis de consciência: Uma parte, que só busca prazer, que chamamos de Isso; Uma que media essa negociação tendo em vista a nossa realidade, que chamamos de Eu; e uma que é regido por aquilo que nos foi internalizado como certo e errado, e dentro disso, busca a perfeição, que chamamos de Supereu. Seria portanto papel do Eu negociar entre aquilo que desejamos e aquilo que acreditamos ser o certo, já que o que desejamos muitas vezes não coincide com o que consideramos ser o correto.

Este conflito, se mal negociado, pode gerar muito sofrimento. Se cada uma dessas instâncias puxar para seu lado, e o Eu, não conseguir encontrar uma boa mediação entre essas duas instâncias, isso pode gerar muita confusão, ansiedade, tristeza e raiva. Sentimentos esses que podem paralisar a pessoa, tornando impossível aproveitar os bons momentos que a vida trás. A origem de nossas neuroses estão na infância, e se apresentam de formas diferentes de acordo com a fase que estamos quando elas se estabelecem.

Na primeira fase chamada por Freud de Fase Oral, nossas neuroses tendem a se apresentar com uma certa voracidade nas nossas relações. Já na segunda fase, Fase Anal, se apresentam como uma forma de controle excessivos em nossas relações, e por fim na fase fálica entramos no famigerado Complexo de Édipo, que nada mais é do que o período em que a criança passa a verdadeiramente entrar em contato com a inevitável realidade, de que sempre teremos um terceiro em nossas relações. Em outras palavras, que nunca seremos, diferente daquilo que almejamos, os únicos nos olhos de nossos entes amados. Sempre teremos que dividi-los com o trabalho, com outros amigos, família e etc.

A forma com que nos adequamos a esta dura realidade, define de diferentes formas, como iremos nos adequar a realidade do mundo e de nossas relações dentro dele. Nossas relações com nossos primeiros amores, que são nossos pais ou cuidadores primários - aqueles a quem nossas vidas estiveram entregues durante toda nossa infância - irão eternamente nos marcar, na forma com que nos relacionamos não só os outros, mas com nós mesmos e com o mundo de modo geral.

Pensando em como amenizar o sofrimento daqueles que sofrem muito de suas aflições psíquicas, Freud inventou a terapia psicanalítica. Em suas sessões Freud pedia para que seus pacientes falassem livremente, aquilo que lhes vinha à cabeça e analisa alguns aspectos chaves: Os sonhos de seus pacientes, onde estavam expressos seus desejos; Os Atos Falhos, ou seja, quando deixamos escorregar algo que não queríamos dizer em voz alta, confundimos uma palavra ou um nome. E também o humor, onde enxergava uma via de escape para nossas angústias diante de tópicos que causam mais tensão, como sexo ou a morte.

Para pensar como renegociar esses conflitos internos de forma que gerem menos sofrimento para nós mesmos, para ajudar o Eu na mediação dos nossos desejos, buscamos o espaço terapêutico. Usamos este espaço para pensarmos quais são esses desejos, quais são as fantasias que criamos em volta deles e como tudo isso influencia a nossa vida, e então decidirmos seria a melhor forma de viver com eles sem ficar paralizado entre a possibilidade de realizar tudo, ou se não, não realizar nada.

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